segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Analista e o RH

Por Neiva Nessi.

Bom, daí você era analista de alguma coisa e essa era a sua  especialidade, mas pela má sorte ou qualquer outra coisa você foi promovido ao mercado de trabalho. Sim,  isso mesmo, demitido.
No início,  você comemora a liberdade, sai para beber com os amigos e aproveita para dormir até mais tarde, mas depois termina a grana da indenização e você sabe que é a hora de procurar outro emprego. E é aí que a confusão começa.
Você era analista de quê mesmo? Ah sim, analista de sistemas... desculpe, mas nessa empresa nossa vaga é para analista de testes. Mas porque diabos a descrição da vaga era "Analista de T.I. Sênior"? (Ah, sim, esse tema com certeza terá um novo artigo!)
Você já se viu em alguma situação parecida? Sim, talvez, não, com certeza. A verdade éque essa "falta de padronização" incomoda de ambos os lados: recrutadores e recrutados. Perda de dinheiro, perda de tempo, oportunidades desperdiçadas. E a culpa é de quem?
Perdoem-me os especialistas, mas a culpa pode ser do RH sim. Eles são os especialistas em recrutamento, não é mesmo? Sim e não. É claro que a obrigação de saber descrever a oportunidade, divulgar a vaga, entrevistar os candidatos adequadamente e selecionar os melhores e mais adequados é do RH, mas existem outras questões a serem avaliadas.
É tanta vaga pedindo gente com experiência em tudo e mais um pouco (e o pior, coisas que não são do perfil da vaga, ou que a empresa nunca vai precisar que a pessoa conheça efetivamente), que os candidatos acabam mentindo ou se desanimando.
Mas o responsável do recrutamento, em geral, não cria o perfil técnico da vaga, não émesmo? Alguém chega para um recrutador que não entende nada do ramo da empresa e diz: "Cara, eu preciso de mais gente, contrata aí o que tu achar melhor"? Não, com certeza não (se a sua empresa faz isso, talvez alguém precise de demissão ou tratamento psicológico por ai).
Primeiramente, os recrutadores precisam se inteirar das necessidades das empresas às quais ele atende. Sim, isso sim. Mas para que as coisas deem certo, o responsável técnico pela contratação deve comunicar ao recrutador exatamente o perfil de profissional que ele procura. Bom, então enfim tudo ficará bem? Não.
Eu já vi recrutamento de Analista de T.I. para quase todas as áreas (se não todas mesmo) da informática. Dai você manda currículo pra todas as vagas que aparecem e ninguém te chama. Ah, claro, não era o seu perfil que eles procuravam. Por quê? Você nem leu a descrição da vaga.
Título: "Analista de Sistemas Pleno". Descrição da vaga: experiência em helpdesk e suporte técnico ao Windows e pacote MS Office." Então, com um título e descrição assim será que os candidatos serão os mais adequados? Provavelmente não. E não só por que o título não seja o mais correto, afinal não existe um órgão regulador para a função de Analista de Sistemas. Os motivos principais são por não bater o título com a descrição da vaga e por uma descrição da vaga tão curta.
Por quê? Por que não é só as atribuições do cargo que importam para uma escolha correta do perfil ideal para cada oportunidade de trabalho. Deveriam ser avaliados diversos pontos só para a descrição acima:
- Tempo de experiência necessário;
- Nível de conhecimento (não adianta dizer Júnior e esperar uma pessoa com 5 anos de experiência, não é mesmo?);
- Faixa salarial compatível e benefícios disponíveis (isso filtra bastante o público-alvo);
- Forma de atuação (presencial, por telefone, no cliente, etc.);
- Quais versões do Windows e MS Office são atendidas.
Dentre outras muitas perguntas que poderiam ser feitas para o candidato antes de telefonar ou mandar e-mail agendando entrevista, e fazer o coitado atravessar a cidade pra dizer que não sabe fazer o que esperam dele.
Então são vários os fatores que façam que o dilema "analista x RH" ainda não tenha um final feliz. Mas já conseguimos elencar aqui algumas boas respostas.
Pode ser que todas essas coisas sejam um empecilho para o andamento da sua carreira. Talvez por isso tudo você não tenha conseguido uma nova oportunidade de trabalho e está precisando "apertar o cinto" para pagar as contas. Mas também pode ser que o problema seja o formato do seu currículo. É, a verdade é que no final, até você ser contratado, ninguém nunca sabe!

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